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É necessário ter a cidadania portuguesa para aposentar em Portugal?

A ideia de se aposentar em Portugal tem atraído cada vez mais brasileiros que buscam segurança, clima agradável, sistema de saúde de qualidade e um custo de vida mais previsível. No meio desse planejamento, surge uma dúvida central: é obrigatória a cidadania portuguesa para se aposentar e viver em Portugal?

A resposta é não . Não é necessário ser cidadão português para morar em Portugal na aposentadoria. Porém, a forma como você vai residir no país, os documentos exigidos e alguns direitos a que terá acesso bastante variado conforme você tenha apenas aposentadoria no Brasil ou também vínculo com a previdência e/ou cidadania portuguesa .

A seguir, vamos detalhar passo a passo como funciona a aposentadoria em Portugal para brasileiros, o papel do Visto D7 , o acordo previdenciário Brasil–Portugal e de que forma a cidadania pode facilitar a vida — sem ser uma condição obrigatória.

Aposentar em Portugal sem cidadania portuguesa: é possível?

Sim, é totalmente possível aposentar em Portugal mesmo sem ter nacionalidade europeia. O caminho mais comum é utilizar um visto de residência para residentes residenciais , conhecido como Visto D7 ou visto de rendimentos próprios.

Esse visto foi criado justamente para atrair pessoas que possuem renda estável e comprovada , como aposentadorias do INSS, pensões, rendas de aluguel ou investimentos. O objetivo é demonstrar às autoridades portuguesas que você consegue se sustentar no país sem depender de benefícios sociais.

Como funciona o Visto D7 para aposentados brasileiros

O Visto D7 é solicitado ainda no Brasil, junto ao consulado português ou através do órgão terceirizado responsável pela recepção dos pedidos. Na prática, o processo envolve duas etapas:

  1. Pedido de visto no Brasil : você apresenta documentos que comprovem renda, moradia e antecedentes;
  2. Conversão de autorização de residência em Portugal : após a chegada, você agenda atendimento no serviço de imigração português (atualmente AIMA, que substituiu o antigo SEF) para receber o título de residência.

Com esse título, você passa a residir legalmente em Portugal pelo período concedido (normalmente de 2 anos na primeira emissão, com possibilidade de renovação). 

Requisitos principais do visto para quem quer se aposentar em Portugal

Embora os valores exatos possam mudar ao longo do tempo, em geral o investidor precisa:

  • Comprovar renda mensal estável , proveniente de aposentadoria, pensão ou rendimentos passivos;
  • Apresentar renda mínima em torno de um salário mínimo português por mês para o titular, com percentuais adicionais para participação e dependentes;
  • Ter comprovante de alojamento em Portugal (contrato de aluguer, carta-convite ou escritura de imóvel);
  • Contratar seguro-saúde internacional ou comprovar cobertura até ter acesso ao sistema público português;
  • Apresentar certificados de antecedentes criminais e demais documentos exigidos pelo consulado.

Essas exigências não têm relação com a cidadania, e sim com a capacidade financeira e a regularidade da permanência no país.

O que o investidor consegue fazer com o Visto D7

Uma vez com a autorização de residência em mãos, o aposentado brasileiro passa a ter vários direitos em Portugal:

  • Viver legalmente no país, com possibilidade de renovar a residência ;
  • Circular pelo Espaço Schengen por períodos curtos sem necessidade de vistos adicionais;
  • Inscreva-se no Sistema Nacional de Saúde (após cumprir as formalidades), passando a ter acesso a consultas e atendimentos a custo reduzido;
  • Requerer reagrupamento familiar para participação e filhos, permitindo que a família também resida no país;
  • Com o tempo, preencha eventualmente requisitos para residência de longa duração e até futuramente requerer nacionalidade, se desejar (dependendo das regras vigentes).

Portanto, não ter cidadania portuguesa não impede a aposentadoria em Portugal — mas exige um planejamento cuidadoso de documentos e rendimentos.

Acordo previdenciário Brasil–Portugal: como ele ajuda quem quer se aposentar em Portugal

Um ponto essencial para quem pensa em viver fora é entender se o tempo de contribuição no Brasil “se perde” ao mudar de país. No caso de Portugal, a resposta é reconfortante.

Existe um Acordo Previdenciário Internacional entre Brasil e Portugal, em vigor desde a década de 1990 e posteriormente atualizado. Esse acordo garante cooperativamente entre os sistemas de segurança social dos dois países , permitindo somar períodos de contribuição e evitando que o trabalhador seja prejudicado por ter migrado. 

Somar tempo de contribuição Brasil + Portugal

Graças a esse acordo, o brasileiro que:

  • Contribuiu parte da vida para o INSS ; e
  • Passa a contribuir para a Segurança Social portuguesa

pode, em muitos casos, totalizar períodos dos dois países para cumprir os requisitos mínimos de aposentadoria (como tempo de contribuição e carência).

Isso não significa que o benefício será “um só” automaticamente, mas sim que os sistemas conversam. Cada país calcula sua parte do benefício com base no tempo contribuído em seu território, podendo haver:

  • Uma aposentadoria brasileira , proporcional ao tempo de contribuição no INSS;
  • Uma transferência portuguesa , proporcional ao tempo de contribuição para a Segurança Social, quando houver.

Receber entrega do Brasil morando em Portugal

Quem já se aposentou no Brasil e muda para Portugal pode continuar recebendo o benefício, inclusive no exterior. O pagamento pode ser feito em conta no Brasil ou, em algumas situações, em conta no exterior, conforme regras definidas pelo INSS e pelos bancos conveniados. 

Além disso, decisões recentes do Supremo Tribunal Federal (STF) impactaram a tributação de aposentadorias recebidas no exterior, eliminando a antiga cobrança de 25% de imposto de renda para muitos casos. A análise tributária, no entanto, costuma exigir planejamento específico com profissional especializado.

Como é o sistema de aposentadoria em Portugal

Entender o sistema previdenciário português ajuda a visualizar se faz sentido, ou não, buscar contribuição local além da aposentadoria brasileira.

Em Portugal, a Segurança Social é responsável pelas aposentadorias por velhice, invalidez e outros benefícios. Assim como no Brasil, é um sistema contributivo: quem trabalha e contribui regularmente tem direito, no futuro, a uma pensão. 

Idade mínima e tempo de contribuição

Segundo o Portal Europress , a idade normal de aposentadoria em Portugal gira em torno de 66 anos e alguns meses , variando conforme a expectativa de vida e reformas periódicas. Além da idade, é necessário ter um mínimo de anos de contribuições para ter acesso à pensão, normalmente 15 anos para uma pensão por velhice mais básica. 

Quanto maior o tempo de contribuição e melhor o progresso sobre os quais se contribuíram, maior tende a ser o valor da pensão — embora existam pisos e tetos . Em muitos casos, as reformas portuguesas podem ser mais modestas do que o imaginado, o que reforçam a importância de renda complementar planejada, como poupança, imóveis ou a própria contratação do INSS. 

Sistema de saúde e qualidade de vida para aposentados

O acesso ao Sistema Nacional de Saúde (SNS) é um dos factores que mais pesam na decisão de aposta em Portugal . Moradores legais podem se inscrever, obter um número de usuário e passar a ter atendimento na rede pública, com coparticipações geralmente acessíveis. 

Além disso, Portugal oferece:

  • Índices de criminalidade relativamente baixos;
  • Cidades médias com boa infraestrutura e custo de vida mais moderado;
  • Clima mais ameno que em grande parte da Europa;
  • Proximidade cultural e linguística com o Brasil.

Somados, esses fatores fazem o país aparecer com frequência nos rankings de destinos favoritos para estrangeiros estrangeiros. 

Diferenças entre aposentar em Portugal com ou sem cidadania

Embora a cidadania portuguesa não seja obrigatória para morar no país como aposentado, ela altera a forma como você se relaciona com o Estado e com a União Europeia.

Sem cidadania: residência baseada em visto

Quem não tem cidadania depende de:

  • Obtenha um visto adequado (como o D7);
  • Renovar periodicamente a autorização de residência ;
  • Cumprir requisitos de renda, permanência mínima em território português e eventuais atualizações da lei de estrangeiros.

Ainda assim, o aposentado legalmente desfruta de segurança jurídica, pode acessar o sistema de saúde, alugar ou comprar imóveis, abrir conta bancária e viver com relativa estabilidade.

Com cidadania portuguesa: liberdade de circulação e menos burocracia

Quem possui cidadania portuguesa (ou outra cidadania da União Europeia) entra em Portugal como nacional do país , não como estrangeiro. Isso traz efeitos práticos importantes:

  • Não há necessidade de visto para entrar ou residir;
  • A permanência no país não depende da renovação de autorizações de residência por motivo de renda;
  • direito de votar e ser votado em algumas eleições, além de maior facilidade de acesso a políticas públicas;
  • É possível morar e se aposentar em outros países da União Europeia , como Espanha, França ou Alemanha, utilizando o mesmo estatuto de cidadão europeu.

É verdade que, nos últimos anos, Portugal tem suportado regras de concessão de nacionalidade , aumentando o tempo de residência e o critério de integração, o que torna a cidadania um projeto de longo prazo. 

Mesmo assim, para quem já tem direito à cidadania por ascendência ou casamento, regularizar a nacionalidade pode simplificar bastante o plano de aposentar em Portugal .

Aposentar em Portugal vale a pena?

Decidir se apostar em Portugal compensa vai além de comparar valores de benefícios. Envolva uma análise ampla de estilo de vida, saúde, vínculos familiares e possibilidades financeiras.

Em termos gerais, muitos brasileiros consideram que vale a pena, principalmente pelos seguintes motivos:

  • Segurança : índices de violência consideravelmente inferiores aos das grandes cidades brasileiras;
  • Saúde : sistema público relativamente organizado, com possibilidade de complementaridade com seguros privados;
  • Custo de vida : ainda que Lisboa e Porto sejam caros, cidades médias oferecem equilíbrio entre qualidade de vida e despesas;
  • Ambiente europeu : facilidade de viajar, contato com diferentes culturas e proximidade com outros países;
  • Idioma : compartilhar a língua portuguesa reduz barreiras de integração.

Por outro lado, é importante considerar os desafios:

  • Adaptação ao inverno europeu e às diferenças culturais;
  • Distância da família no Brasil;
  • Burocracias migratórias, principalmente para quem não tem cidadania;
  • Necessidade de planejamento financeiro minucioso para lidar com câmbio, inflação e possíveis mudanças legislativas.

Cidadania portuguesa é vantagem, não obrigações

Em resumo, não é necessário ter cidadania portuguesa para se aposentar em Portugal .

O caminho mais comum para brasileiros é:

  1. Obtenha o Visto D7 ou outro visto adequado;
  2. Estabelecer residência legal em Portugal;
  3. Organizar a coleta da aposentadoria do Brasil , eventualmente conjuntamente com a futura aposentadoria portuguesa, graças ao acordo previdenciário entre os dois países .

A cidadania portuguesa , quando disponível, funciona como um grande facilitador: reduz burocracias, amplia direitos e oferece liberdade de circulação pela União Europeia. Porém, ela é um diferencial , não uma condição para que o projeto de viver a aposentadoria em Portugal se torne realidade.

Se você está avaliando essa mudança, o passo a seguir é fazer um planejamento detalhado : revisar sua situação previdenciária no Brasil, simular cenários de custo de vida em diferentes cidades portuguesas, entender a exigência do visto e, se para o caso, estudar as previsões de futuramente adquirir a nacionalidade.

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